segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CBAS apresentou o Tema: O Assistente Social como trabalhador da saúde

A ultima manhã de debates teve como tema o/a Assistente Social como trabalhador/a da saúde: desafios ao exercício e à formação profissional na estratégia da saúde da família. Para dar inicio à discussão, a professora da Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ana Vasconcelos fez um quadro da saúde da população brasileira, mostrando que estão inalteradas ou crescentes questões como: doenças do perfil epidemiológico contemporâneo, as mortes evitáveis e altíssimos percentuais de exames diagnósticos, em detrimento dos preventivos. "Isso mostra os limites das ações pontuais das equipes de saúde, que interferem positivamente na vida de alguns, mas não operam promoção nem tangenciam as condições reais de necessidade dessa população", afirmou. Segundo ela, o processo de interiorização capitalista opera de forma destrutiva, ao  minar as possibilidades de emancipação e de identificação dos sujeitos. "Esses processos viabilizam funções corretivas, que escondem ou camuflam a exploração do trabalho e as reais necessidades dos sujeitos", afirmou. Por fim, Vasconcelos colocou desafios ao trabalho do/a assistente social na saúde. "É preciso superar a condição de auxiliar paramédico, a condição de complementação de serviços médicos para sedimentar uma atuação autônoma, e não isolada e fragmentada. Precisamos superar práticas burocráticas em favor de práticas planejadas a partir da análise concreta de situações complexas, de modo a aperfeiçoar, formar e informar o/a profissional de Serviço Social", completou.

Em continuação às reflexões, a professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Católica de Pelotas (UCPEL) Vera Nogueira defendeu o rompimento radical com a visão que é dada ao social como um complemento no âmbito da saúde. "Precisamos reconstruir a unidade teoria/prática, de forma indissociável, respondendo de forma qualificada às demandas populacionais no campo da saúde, de modo a dar visibilidade à atuação do/a assistente social e a construir um papel igualitário na equipe multiprofissional da saúde da família", explicou. De acordo com a professora, é necessário articular as ações profissionais com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) relacionados ao núcleo profissional de assistente sociais, considerando os sujeitos em sua singularidade e complexidade e tomando em conta as estratégias estruturantes da saúde da família. Além disso, para Nogueira, é preciso, no campo da saúde, incrementar o debate sobre experiências profissionais, localizando as bases conceituais da ação profissional na saúde da família e nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). "Essa ação nos possibilitará construir um saber a ser incorporado na formação e na capacitação continuada; além de resgatar experiências positivas das ações profissionais que permitam formular um parâmetro de ações em um padrão profissional e fortalecer a organização política da categoria", concluiu.

Ainda na mesa, o professor da UERJ e integrante da ABEPSS Maurílio Matos falou sobre inserção da ABEPSS na saúde, que é relativamente recente, a partir de 2004, mas que já se envolve na discussão do tema, uma vez que a própria formação universitária do/a assistente social é multidisciplinar. "Nesse contexto, é preciso refletirmos sobre o papel do nosso profissional nessa área, no sentido de sua efetiva inserção na equipe formada por profissionais de diversas áreas", disse. 

Última a tomar a palavra, a professora, assistente social da prefeitura do Rio de Janeiro e conselheira do CFESS Rodriane Souza colocou as demandas, no âmbito da saúde da família, que chegam ao Conselho Federal e apontou a atuação do órgão na área. "É importante deixar claro que nossa defesa é que a implantação dos NASF não deve implicar na transferência dos/as assistentes sociais, o que é característica da precarizacão das condições de trabalho a que estamos submetidos/as", defendeu. A conselheira mostrou que o CFESS defende e luta pelo concurso público para assistentes sociais na saúde da família e atuano acompanhamento das iniciativas parlamentares em defesa da categoria. Para terminar, Rodriane Souza lançou o documento Parâmetros para atuação de Assistentes Sociais na Saúde. "É com muito prazer que lançamos no CBAS esse documento, que tem como finalidade referenciar a intervenção dos profissionais de nossa área na saúde. São diretrizes sobre as respostas técnico-profissionais a serem dadas pelos/as assistentes sociais às demandas no cotidiano de trabalho vindas dos usuários, das equipes e dos empregadores", assinalou, chamando ao palco representantes dos CRESS de todas as regiões brasileiras para publicizarem o documento.

Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Gestão Atitude Crítica para Avançar na Luta – 2008/2011
Comissão de Comunicação

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