"Ei, telespectador/a, “Dona Diva” não é assistente social!"
A personagem Norma (esquerda) é apresentada à assistente social "Dona Diva" (direita). (Foto: reprodução Rede Globo)
Vez ou outra, ao assistir televisão, você deve se deparar com reportagens, programas e outras opções de entretenimento que abordem, de alguma maneira, espaços de trabalho e intervenção do/a assistente social. O Serviço Social, que há décadas era pouco abordado pela mídia em geral, passou a ter destaque nos últimos anos.
E na semana o/a assistente social foi destaque mais uma vez na “telinha”, mas de forma negativa. A novela Insensato Coração, de autoria de Gilberto Braga, transmitida em horário nobre pela Rede Globo de Televisão, apresentou ao Brasil na terça-feira (15/3) a personagem “Dona Diva”, assistente social do Sistema Prisional. Não é a primeira vez que um/a assistente social é representado/a em uma novela da Globo. E, novamente, a emissora “caprichou” na caracterização deturpada do trabalho do/a assistente social, transformando a profissional numa agente repressora, coercitiva, ameaçadora e punitiva do Estado.
Por esse motivo, o CFESS divulgou na última sexta-feira, 18 de março de 2011, uma nota criticando a maneira equivocada como a profissão de assistente social foi retratada na novela. “Temos o entendimento de que a obra é fictícia. Entretanto, levando em consideração o poder de influência e de construção de estereótipos que a novela pode ter em relação à sociedade, é dever do CFESS esclarecer que o papel do/a assistente social na obra foi distorcido da realidade do/a profissional de Serviço Social”, diz trecho do documento, que traz também esclarecimentos sobre a atuação do/a profissional com base no Código de Ética do/a Assistente Social e na Lei de Regulamentação (8662/1993).
Leia a nota pública
Veja a polêmica cena da novela Insensato Coração
Veja o Código de Ética do/a Assistente Social e as atribuições privativas do/a profissional do Serviço Social
Cena causa indignação
O CFESS recebeu diversos e-mails de assistentes sociais e estudantes de Serviço Social repudiando a cena exibida.
Em entrevista por telefone, a conselheira do CRESS-RJ e assistente social do sistema prisional do Rio de Janeiro, Newvone Ferreira da Costa, ressaltou sua indignação ao tomar conhecimento do conteúdo veiculado pela Rede Globo. “Retrataram a profissão no âmbito prisional de forma policialesca. Não trabalhamos daquela forma. Não somos inspetoras penitenciárias, nem chefes de segurança de presídio, como a novela apresentou”, criticou Newvone. A assistente social fez questão de destacar algumas atividades do/a profissional de Serviço Social no campo em questão. “O/a assistente social que trabalha no Sistema Prisional, obrigatoriamente, precisa ter noções de direito penal, e isso inclui conhecimento da Lei de Execução Penal. E, conforme nosso Código de Ética, atuamos na perspectiva da defesa de equidade, justiça social e dos direitos humanos. Nós somos a ponte do/a detento/a para o acesso a direitos, para o acesso à cidadania”, destacou.
A conselheira do CRESS-RJ ressaltou ainda outras atividades do/a assistente social no Sistema Prisional, como o atendimento àquela/a preso/a e o trabalho de desestigmatização do/a mesmo/a após o cumprimento da pena e o atendimento às famílias das pessoas em privação de liberdade. “Tudo isso com base no respeito, na ética, na transparência”, finalizou.
Fonte: Rafael Werkema - JP/MG - 11732 - Assessor de Comunicação - CFESScomunicacao@cfess.org.br
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